quinta-feira, 25 de junho de 2009

Acordes e palavras


Fazer uma música é algo curioso, e com a pequena experiência que tenho no assunto, devo dizer que é algo que tem de ser livre, solto, desprovido de qualquer senso de obrigação, de qualquer rigor teórico ou técnico. É legal perceber como você aos poucos vai se expressando, mesmo sem perceber.

Às vezes, eu começo por alguma idéia que dê origem a uma imagem poética. Penso na força que uma palavra pode ter, na importância de certos momentos, ou mesmo em simples detalhes e impressões captados ao longo do dia-a-dia. Um cheiro, uma imagem, um som, uma idéia, algum sentimento indefinido. Tudo isso tem potencial para ficar lá no fundo, guardado, esperando a sua vez de virar música.

Outras vezes, posso simplesmente ficar brincando com meu violão, viajando, tentando manter a cabeça vazia, tentando fazer com que ela não guie minhas mãos, e tentando fazer com que permaneça o mais impressionável possível por todo e qualquer som que saia do instrumento.

Começo dedilhando um Ré maior, encaixo um Mi aqui, um Sol ali, repito, Sol maior, e por que não testar um Si menor entre os outros acordes? Mais um Lá menor aqui e... de repente toda essa progressão de notas e acordes me faz lembrar de uma tarde distante, fria e estranha, em que, ao olhar pela janela, me impressionei com formas majestosas esculpidas nas nuvens. E de repente essa lembrança se torna uma só com aquilo que minhas mãos, inconscientes, insistem em tocar pela escala do violão.

A música recém trazida ao mundo se torna uma trilha sonora para a minha lembrança, e aos poucos começo a sentir uma ânsia por palavras. Um papel, um lápis, sempre à mão. E a canção se constrói sozinha. E quando ela se recusa a vir? Às vezes, é claro, as palavras insistem em querer ficar ocultas, os pensamentos e sentimentos não querem fluir, ou a música em si simplesmente soa feia, estranha, seca. Então, eu não tento extraí-los à força. Não quero usar palavras, notas ou sentimentos impostores e correr o risco de os verdadeiros não aparecerem nunca mais. Simplesmente os deixo em paz, pois quando a canção quiser vir ao mundo, ela o fará sozinha, só tendo o trabalho de usar minhas mãos.

2 comentários:

  1. Opaaaaaaaaaaa
    me sinto parte fundamental nesse post! auahuahuhua
    se nao fosse por mim, vc nao seria tão fã deles assim...eee, nao teria saido gritando 'du caralho' atrás da van do CIIC xD
    aaaaah chega setembro!!!! auahuhuahuahuauha
    ...de nada, tá? ahahaha

    Bjãooo, Vi!

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  2. "Não quero usar palavras, notas ou sentimentos impostores e correr o risco de os verdadeiros não aparecerem nunca mais." Um tesão.

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