sábado, 12 de junho de 2010

Sobre homens e fluidez

A frieza e o excesso de preocupações rondam sua cabeça. Você, acostumado com o tom cinzento que o mundo adquiriu ultimamente, permanece em sua rota, impassível, inabalável: em piloto automático. Finge não ligar para isso, mas, lá no fundo, para si mesmo, nunca nega o quanto se incomoda. “A realidade não é colorida”, repete, em frente ao espelho, como se fosse um mantra. A sua realidade não é colorida.

Até que ela aparece.

Sutil, graciosa. Ao final de mais um dia de tédio e cansaço. Como se não quisesse nada, ela surge em seu caminho. Dissimulada. Penetra seus sentidos, arrebata toda a sua atenção. Sentimentos novos. Seu corpo vibra de uma forma diferente. O mínimo que ela lhe diz se torna porta de entrada para um novo universo a ser descoberto. Um novo oceano. Escuro, misterioso, ainda frio. O mar de incerteza dá a nova cor ao seu mundo. O cinza, morto, se apaga. Você, agora, é movido quase que irracionalmente por uma curiosidade incontrolável. Uma vontade infinita de saber o que há além. Se há algo além.

Possessivo, mesmo desconhecendo-a quase que por completo, você garante tê-la sempre a seu alcance. Quer explorá-la a cada nova oportunidade. Tenta seduzir. Não sabe por onde começar. Quer entender, ainda que saiba que é a falta de compreensão que o move. Você insiste. Ela só te conta o que quer contar. Pouco a pouco. Uma palavra por dia. E é o mistério constante que sempre o leva de volta.

A cada novo toque, as sensações se repetem. Novas surgem. A cada novo toque, você, sonhador, imagina um futuro. O ‘nós’ passa a existir. Torna-se relação de simbiose. A doce fragilidade dela te encanta. A fluidez dela te encanta. Conforme a descobre, mais e mais, você a envolve. A traz para a realidade. E se dá conta de que nunca encontrará sentido nela.

Ela não tem que fazer sentido.

Mas você só percebe isso quando ela já se tornou o seu.

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